Mar(h)eresia
Quero morar perto do mar, onde as ondas quebram ao pé do ouvido - overdose de sal. Sentir a maresia na pele esparramando a clareza do dia, ungindo os sentidos da madrugada da castidade enigmática do oceano. Revolver a areia com os pés, tocar o chão úmido da memória estalando os dedos para a sorte, recebendo o presente da noite como lua nova. Quero estar perto do que é único - singularidade da matéria na obviedade de ser/estar/existir. Nadar(ia) em nós.... 
Escrito por K.N. (Kathy) às 22h27
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*in time*
Clichê. Se existe algo que não se pode recuperar é o tempo. Nesse mesmo instante em que escrevo esta frase, outras deixei de escrever. E isso é uma decisão formal minha, da minha inspiração. Escolhas do meu tempo. E se não volta, cada minuto, é porque permanece o que nele foi feito. Daí fazer o melhor que posso e quero, para que fique no tempo. No regrets. Todas as vezes em que cantei alto, que me apaixonei, estão marcadas, registradas so-no-ra-men-te. Os erros também. Estão na lembrança do (meu) tempo; e, quando alcanço a memória com as pontas dos dedos, posso reviver muitas coisas, recobrar emoções e desfazer desse tempo tão severo. Enquanto posso: falo, falo tudo. Enquanto quero: escrevo tudo, tudinho, palavra - por –palavra, para que não reste qualquer dúvida de que estou exatamente no meu tempo. O bom de desaguar o dia sobre o tempo é que ele existe de modo cheio, não meia tela, muito menos próxima tela: tela de cinema, mesmo! Ocupo as frações de segundo da minha existência consciente dele. E se ele (o tempo) impõe sua exatidão, eu lhe imponho a plenitude da minha existência. Nunca cobrará nada de mim, nem eu dele. Acordo tácito cumprido a risca, risca de giz, dos ternos que amo. Quando passar hoje, para amanhã, nossa conta estará zerada. A possibilidade reinou ante a adversidade. Realizei as vontades que podia, que devia, que queria. E conjugo o verbo no presente, novamente, pra lhe mostrar que estou no comando da vida, ainda que pese “o tempo”. Minha vida é muito preciosa para que o tempo se imponha de maneira sorrateira. Não, não. A vida é o meu tempo e faço dele um cúmplice. De inícios, reinícios e despedidas. Vividos, todos, com a intensidade de um bom Barolo. E, abusando de clichês: se a vida é curta, aproveito a efemeridade de seu tempo para existir, não co-existir. Abraço com carinho, beijo com amor, falo com honestidade, durmo com tranquilidade. Descanso de mim, na certeza de que o tempo é justo para aqueles que vivem e não coabitam o planeta Terra. Calor... vamos tomar um sorvete na esquina? 
Giorgio de Chirico (Italian, born Greece. 1888-1978)
Escrito por K.N. (Kathy) às 18h16
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*Regina*
Querida, Você que agora é brilho, do mais puro quilate sem matéria necessária - sem voz - dispensável... Você. Você que é toda luz; extravasa o tempo para imaterializar-se, desprender-se das horas. Você. Você que é realização. Que fez novas vidas, Alinhou predicados - verteu amor. Você. Você que é imortal. Sem presente e de presente. Lançou seus braços pra o mundo confortando sonhos, sendo sonho. Você. Você que longe daqui É dentro de nós, como as mais delicadas presenças que ali, mora aqui. Sempre. Você. Até breve, querida. 
*para VOCÊ, querida Tia Regina, que regressou ao plano espiritual em 30/10/2009. Muito amor e luz, sua sobrinha-neta, katheryne
Escrito por K.N. (Kathy) às 10h49
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